sábado, 9 de julho de 2016

"... É MUITO LADRÃO" - DISSE PADRE MATIAS SOARES

Artigo: “A Administração da Política”


Padre Matias Soares
Vigário Episcopal Sul da Arquidiocese de Natal
Os cidadãos brasileiros estão para viver mais um ano de campanha eletiva para o executivo e o legislativo municipais. A carreira já começou. As propagandas e acordos do toma lá, dá cá, estão sendo costurados. É sórdido o que se houve nas bases e como tudo é tratado. A maioria da população não tem ideia de como a situação é arquitetada. É um jogo de manipulação e fomento de interesses particulares. Na maioria dos casos, não há reta intenção. É cobra engolindo cobra; traições e atos vergonhosos. As amizades não existem, os abraços são desconfiados e promotores dos enganos. A sobrevivência de um, depende da morte do outro. O que estamos a ver em esfera nacional é o que acontece em contextos municipais. Há quem tenha estômago para este meio de vida. Nunca se estar preparado para a paz, mas sim para a guerra. Há um descaso extremo e falta de amor à verdade que estão levando a política a um mais profundo descrédito. A perseguição é a arma mais usada. São notórias as atitudes e intentos para desmoralizar, caluniar, difamar e destruir quem pensa diferente ou denuncia os desmandos e atos espúrios das personalidades políticas.
A política brasileira necessita urgentemente de uma reabilitação. Como temos acompanhado, a população acordou e mostra-se indignada quanto aos tremendos e aviltantes escândalos de corrupção. É horrível! A cada dia mais e mais descobertas, que esperamos sejam feitas em outras instâncias do País. É muito ladrão. Ainda há cidadãos que os defendem, seguindo a lógica de que sempre se roubou. Que pensamento pervertido?! Deste modo, todos são justificados, como os próximos também, pois ladrão que rouba ladrão pode ser perdoado. Falar sobre uma reabilitação da política é tratar sobre uma mudança de mentalidade que precisa envolver a todos. Políticos corruptos são sinais de um povo corrupto. Um povo que não seja manobrado por simples paixões políticas e pessoais, idolatrias ideológicas e fundamentalistas. O processo democrático não sobrevive, nem é autêntico, sem essas reviravoltas. Em ano de campanhas eletivas, podemos ter um diagnóstico muito interessante a respeito da realidade: A compra de votos, a troca de favores, o uso da máquina pública para o próprio usufruto nas eleições, as propagandas demagógicas e fraudulentas pelos meios de comunicação e atos afins. As instituições democráticas, e que ainda são canais das vontades populares, não podem ser omissas, mesmo sabendo que em muitas delas há a contaminação da lógica viciada e pervertida. A forma que determina a corrupção é perversa. Ela não tem senso da verdade e do bem; por isso, necessita ser urgentemente reabilitada.
Por fim, a administração da política passa por uma contínua e perseverante busca de existência da moralidade, transparência, honestidade, bem comum, justiça, publicidade e honradez. A política deve ser fortalecida por valores. Para isso, se exige uma séria preocupação com a educação. Se há outro meio, por favor, digam! Educação que integre a todos. A política não pode ser para a sociedade um mal necessário, mas um bem civilizatório. Com as demonstrações de revoltas que estamos a perceber nos últimos tempos, a narrativa tem que ser de mudança na forma de pensar e agir. Reabilitemos a política ao que é lhe essencial, a partir do povo. Ele é o sujeito e o fim da ação política. Ele tem o poder e a responsabilidade de educar para administrá-la e reorientá-la para promover o bem comum. Por isso, há a importante missão de todos nós de administrar a forma de fazer política e ser políticos. Assim o seja!

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