Após ouvir sábios conselhos de um irmão, resolvi explicar os motivos que me fizeram deixar a direção do Centro de Atenção Psicossocial Manoel Amaro Freire - CAPSMAF.
Inicialmente, nunca bati as portas do prefeito Arlindo Dantas para pedir tal emprego. Estava, na minha residência, no dia 12.12.12 e recebi a visita de uma pessoa dos gabinetes da prefeitura, pessoa esta pela qual tenho muito carinho e admiração. E ela perguntou: "Alexandre, venho em nome do Secretário Municipal de Saúde, oferecer-lhe a direção do CAPS. Você aceita?". Sem meias palavras, respondi um sonoro "sim!", visto que trabalho com saúde mental desde 2011 e me identifico muito com essa área.
Após alguns minutos, meu primo, o vereador Márcio Freire, foi me parabenizar pelo novo cargo. Muita gente, até, pensou que fora Márcio o principal responsável por tal ação. Entretanto, o próprio vereador, coerentemente, confirmou não ter se tratado de indicação política dele.
No início de 2013, assumi a função com sonhos, projetos e muita vontade de trabalhar. E assim fiz! Como temos uma equipe técnica multidisciplinar, formada por bons profissionais, conseguimos, no geral, prestar um serviço de qualidade às pessoas de São José e de mais oito municípios, embora reconheçamos que nem sempre todos os funcionários buscam se adequar às diretrizes de trabalho.
Graças a Deus, nas redes sociais e meios comunicativos, nunca ouvíamos falar mal do CAPS. Um dos motivos principais, sem dúvida nenhuma, era a valorização humanizada aos atendimentos na porta de entrada psicossocial. Essa sempre foi a principal bandeira defendida pela direção.
As incontáveis dificuldades existentes sempre foram de ordem da gestão, apesar de, em muitos casos, inviabilizarem a prestação de serviço ao público atendido. Aqui, não mencionarei esses problemas, porque jamais macularei a imagem de um lugar pelo qual tenho carinho especial.
A partir de algumas publicações, em meu blog (De Olho em Mipibu), as quais passaram a questionar a gestão e a atuação de vereadores da situação, comecei a receber ligações telefônicas e "puxões de orelhas" pelos gabinetes e corredores da prefeitura. Eles só esqueceram de que nasci questionador, inquieto e jamais me prestaria a ordens autoritaristas e desrespeitosas. Quem quer respeito, respeita. Um dia, ouvi de um deles: "Você é a única pessoa que não consigo controlar!". Em outras palavras, todos devem estar na mais completa subserviência, caso contrário...
Pelas ruas, nas redes sociais ou em quaisquer lugares, os bajuladores de plantão da prefeitura agrediam, insultavam e denegriam minha imagem (E ainda insistem em fazê-lo até hoje). Certa vez, um deles foi ao CAPS e me perguntou: "Você está oposição ou situação?". Isso mostra que, mesmo exercendo o cargo de diretor, nunca deixei de opinar, coerentemente, sobre as ações do atual governo, uma forma de ajudar e criticar de forma construtiva, para o bem comum. Ao contrário, as vezes em que o prefeito agiu de forma correta e em benefício da população, fiz incontáveis elogios e, se assim o fizer, postarei publicações positivas. Agora, sou cidadão, tenho opinião formada e posso, por meio da liberdade de expressão, discordar da atuação de qualquer pessoa pública.
Depois de muita pressão, por parte de vereadores, familiares de vereadores, lideranças políticas e de famigerados babões, fui surpreendido por uma ligação telefônica do Secretário de Saúde, dia 03 de junho, às 8h46min, exonerando-me da função de diretor geral do CAPS, função esta exercida durante três anos e seis meses. Dia 06, recebi o documento de exoneração por escrito, das mãos da mesma pessoa que foi à minha casa para me convidar a assumir a referida função.
Sou concursado e, atualmente, estou gozando licença prêmio por um período de três meses. Aos que insistem em dizer que eu estava sendo beneficiado pela gestão ou, na linguagem popular, "comendo da prefeitura", confesso frustrá-los, pois recebia uma gratificação em troca de trabalho, responsabilidades e muita dedicação. Isso nunca foi benefício; e sim, um reconhecimento financeiro pela função exercida.
Resumindo, estes foram os principais motivos que me fizeram sair do CAPS: POLITICAGEM; PERSEGUIÇÃO E AGRESSÃO VERBAL POR PARTE DE ALIADOS POLÍTICOS; FALTA DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DA GESTÃO E DIFICULDADE DE APOIO AO CAPS. Meu caráter, minha formação e postura ética, jamais, permitiriam conviver com tantos problemas. Não sei como resisti tanto...
Apesar de tudo isso, deixo os agradecimentos aos Dantas pela oportunidade e confiança depositadas; à Família CAPSMAF, pelo compromisso; aos familiares, pelos cuidados compartilhados e, principalmente, aos nossos usuários pelo carinho, atenção e força de vontade durante o tratamento. Na ocasião, uma homenagem especial à minha parceira, diretora técnica e amiga, Janilza Matos.
Matéria e fotos: Alexandre Freire