A política é uma arte humana. Fruto
da ação das pessoas. Onde existe ser humano, aí existe política. Os
“profissionais” desta prática não aceitam esta assertiva. Eles não podem
aceitar, pois faz parte do jogo do poder. Nenhum outro agrupamento que não veja
a política como estratagema de manutenção do poder e dos ganhos pecuniários tem
nada a dizer, ou pior, não pode dizer. Estes se tornam inimigos. Devem ser
perseguidos, desacreditados e assassinados moralmente para que não tenham
nenhuma credibilidade. É o “jogo sujo” dos que não têm estrutura moral, nem
intelectual para avançar com competência e honradez. Mais que uma concepção
maquiavélica, é uma concepção de quem não tem moral e dignidade. O pragmatismo
maquiavélico não anula as capacidades do príncipe.
Não podemos esquecer que em meio a
tudo isto está o povo. Este é uma questão nominal ou é real? Quem é o povo? Ele
é sujeito ou objeto? Aqui existe uma sutileza a ser refletida. Estamos
inseridos num povo. Somos livres e sê-lo implica em dizer que podemos... O povo
é aquele que pode. Nos desenvolvimentos da política o que está em jogo é sempre
o poder para fazer. Ou o individual faz por si ou alguém é escolhido para fazer
pela coletividade. Nas nossas paragens brasileiras, aparentemente, deve
prevalecer este último e a isto qualificamos de “democracia”. Este conceito é
dos gregos. O poder que emana do povo e que deve estar em favor do bem deste
povo, ou seja, da coletividade. Enfim, chegamos onde queríamos: Pensemos o povo
como coletividade.
Infelizmente, esta coletividade, pela
falta de educação e outros direitos sociais, que não são garantidos, se tornou
massa de manobra. O alto índice de corrupção que assola a política brasileira
testifica esta conclusão. Nos nossos dias, a política tornou-se um negócio e,
por sinal, bem lucrativo. Muitos se aventuram na política. Mesmo quando não
ganham, lucram! Como observamos estas facetas nalgumas realidades! Não existe
politização de quem se candidata e do povo que não sabe votar. Como, o ser
humano, carrega consigo as marcas do pecado, onde ele está o mal aí o
acompanha. A corrupção é a prova existencial da realidade do pecado. Não é a
toa que o Papa Francisco diz que somos pecadores, mas não podemos nos entregar
a corrupção; não podemos perder o temor do Senhor e da Sua justiça.
Devido a estas simples observações,
vemos amiúde como os políticos veem o povo. Para estes o povo é só objeto para
que estes possam “estar” no poder. O povo não passa dum bando de alienados, ou
seja, aqueles que estão longe da realidade e que podem ser enganados no
presente e no futuro. Basta oferecer pão e circo e tudo está resolvido. Vejam a
concepção da política romana e que é tão praticada nalguns contextos modernos.
O povo despolitizado se deixa enganar com muita facilidade. Na Pós-modernidade,
surgiu um agravante: Os meios de comunicação, quando não agem com ética e visam
também os seus interesses econômicos, sem nenhum compromisso com a verdade e
com o bem social, contribuem para que as mazelas sociais perdurem, e que a
escravização e exploração do povo sejam agravadas. Certa vez, escutei dum político
imoral e sem escrúpulos que a mídia resolvia tudo. Por trás desta afirmação
existe uma concepção do que seja a mídia para ele, a saber: “instrumento de
manipulação e engano do povo”.
O povo ainda pode acordar. O povo
pode interpretar a realidade. Os atores sociais comprometidos com a justiça e a
liberdade precisam ter um senso de responsabilidade mais aguçado. Não é questão
de ingenuidade, é questão de valores. Os nossos princípios parecem estar
adormecidos e tem muito pilantra se aproveitando disto para, mesmo sendo
portador de tanta mediocridade, continuar cometendo atrocidades de modo tão
irresponsável e sem nenhum compromisso com a verdade e a justiça. Quando for
observado a supervalorização da política do “pão e circo”, é porque não existe
a junção da “política com gestão/administração”. A política tem que ser amiga
da gestão/administração. Esta última exige planejamento, organização, ética, respeito
pelo bem da coletividade, honestidade, empreendedorismo, trabalho em equipe,
respeito ao que é da comunidade, relação dialógica com as instituições e outras
preocupações afins.
Por fim, as pessoas que votam
naqueles políticos que tratam o povo como objetos de manipulação e que não têm
compromisso com o bem comum, estão fazendo muito mal, não só a si, mas também
ao futuro do país. Para estes profissionais da política o que vale do povo é o
voto. Só isso. A dignidade das pessoas não vale nada. Eles não têm amigos, nem
parceiros. Todos ao seu redor não passam de coisas que podem ser compradas com
o “dinheiro público” e só têm serventia enquanto baixarem a cabeça para suas
palavras e atrocidades. Mas não podemos perder a esperança que a racionalidade
e o bom senso podem sempre oferecer uma luz para que muitos saiam da caverna.
Assim o seja!
Pe. Matias Soares
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