Mais uma vez o Papa Francisco nos enche de alegria. Desta vez, com a belíssima Exortação Apostólica: A Alegria do Evangelho (Evangelii Gaudium). A motivação para esta breve reflexão é esta Carta Pastoral. Preferi que este fosse o título porque o fruto da aceitação do Evangelho é o sentimento duma profunda alegria e comprometimento com Jesus Cristo e com a comunidade. O próprio pontífice nos diz que o real é mais importante do que o ideal (EG, 231), mesmo não descartando uma síntese. Pois bem, o que escrevo também é fruto das minhas observações dum “Cura de Aldeia”.
Na caminhada pastoral nos deparamos com o grande dinamismo da vida das pessoas. Muitas vezes é difícil fazer a síntese das variadas experiências sociais e existenciais com as quais nos deparamos. Mas precisamos estar convictos de que tudo é muito enriquecedor. A vida pastoral é um constante meio que o Senhor nos concede para aprendermos e amadurecermos a cada dia. Os encontros e desencontros nos portam felicidades e também dificuldades. Mas o conteúdo que temos para fazer a interpretação da realidade, tida como importante, pelo corajoso Papa Francisco, é o Evangelho. Ele possibilita um diálogo frutuoso e fecundo. A Igreja, e claro que esta pensada como Povo de Deus, precisa ser Esposa do Evangelho; Amante do Evangelho e de seu principal Protagonista. O seu futuro qualificado depende disto. Ela precisa ser Servidora desta Boa Notícia (Lc 4,18). Frequentemente, mais uma vez partindo do real, se tem a impressão que ainda existe gente dentro da Igreja querendo que ela continue a ser uma Eterna Prostituta. Para as facções ideológicas e individualistas que estão dentro dela isto é conveniente. Ela é usada como meio para as satisfações estéreis e doentias dos fracassados corrompidos pelo pecado. Isto pode ser observado em todos os ambitos da vida eclesial. A experiência pastoral também nos mostra que não são só os ministros ordenados que carregam esta chaga. Todos somos maculados com a mancha do Pecado Original. O que precisamos entender é que, a partir do nosso Batismo, todos nos tornamos membros desta Igreja, com direitos e responsabilidades, diante de Deus e do Mundo. Tem gente que passou a vida dentro dela, mas não se converteu a Jesus Cristo e nem parece disposto a voltar-se para Ele. Não percebemos sinais ou desejos de mudança. O acolhimento do Evangelho exige constância e paciência. Isto é fruto duma Fé que adora a Deus (PP Francisco). Dentro da Igreja, ainda temos muitos adeptos e poucos convertidos. Sabemos que a conversão é uma busca diária e permanente; mas isto quando se sabe o que busca e a Quem busca. Esta enfática postura do PP Francisco, sem dúvida, está trazendo novos ventos para a Igreja. O Mundo corrompido pelo pecado estará sempre inquieto diante da Verdade, mas só Ela liberta (Jo 8,32). Ela é solução para o sentido da História. A Igreja não pode ser usada como uma trave para o autêntico conhecimento e adesão ao Evangelho. Essa catequese foi mal feita e poderá continuar a sê-lo. Nós, cristãos, necessitamos da Mística da Palavra. Temos que escolher a melhor parte (Lc 10,39.42). Na época do provisório, um avanço nesta postura é fundamental e urgente.
Como prega o Bispo de Roma, devemos caminhar com o positivo. Na comunidade também nos encantamos quando sentimos que existem Convertidos. Estes são essencialmente pessoas felizes por serem Servidoras do Evangelho. Eis a definição, em síntese, duma pessoa que encontrou Jesus Cristo. Esta contemplação pastoral é fascinante. Numa comunidade evangelizada e evangelizadora nos tornamos meios e sujeitos do Evangelho. As pessoas convertidas nos ajudam no processo de conversão. Elas servem por amor. Amam para servir e são felizes porque o fazem. Não é à toa que o Sermão das bem Aventuranças é tão importante para toda a vida cristã (Mt 5,1-12; Lc 6,20-26). Elas não aceitam que a Igreja seja uma Prostituta da Corrupção. Aqui, mais uma vez utilizo-me da reflexão do PP Francisco, que lembra que somos pecadores, mas não podemos nos acomodar a uma vontade corrompida e servidora do pecado, que causa a morte. O futuro da Igreja dependerá dos cristãos servidores do Evangelho, como sempre o foi. Sempre esteve aí a força e o sentido da Santidade da Igreja. Por isso, que ela não poderá ser relativizada como Sacramento Universal de Salvação. Nem todos que estão na Igreja estão com Cristo; porém, todos que verdadeiramente estão com Cristo são Igreja e nela buscam diariamente a Conversão nos lugares de encontro com Jesus Cristo (DAp, n. 246-265).
Por fim, rogamos ao Senhor que todos nós alcancemos a graça da Conversão. Abramos o coração à ação do Espírito santo. A consciência de sermos servidores do Evangelho nos trás uma profunda alegria, mesmo diante dos desafios. O que temos que ter presente é a certeza de fazermos a vontade do Pai que, em Jesus Cristo, nos diz: Eis os meus filhos muito amados, os meus escolhidos (Mt 3,17). Assim o seja!
Pe. Matias Soares
Pároco de São José de Mipibu-RN
Vigário Episcopal Sul da Arquidiocese de Natal-RN
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