A Igreja sempre esteve preocupada em
ler os sinais do tempo. Aliás, este sempre teve um valor fundamental para constituição
do seu estatuto ontológico. Com a Encarnação da Palavra de Deus na história
humana (Jo 1,14), o tempo foi totalmente qualificado pela ação de Deus. A
Humanidade agora tem O referencial para sua condição. A partir deste evento e
sua glorificação no Mistério Pascal, o ele passa a ser sempre meio para
fazermos a Memória Amoris.
O Papa Francisco está chamando à
atenção do Mundo e da própria Igreja para esta realidade. Na sua última
entrevista a um sacerdote jesuíta, que foi publicada recentemente, ele mais uma
vez ratificou que a Igreja deve ser “Mãe e Pastora”. Recorda-nos a necessidade
da misericórdia como marca essencial
da ação missionária e pastoral desta Senhora tão antiga e sempre nova.
Convoca-nos ao fundamento. Parte do Evangelho e diz o que a Igreja deve ser a
partir de Jesus Cristo. Aqui está o ponto sobre o qual em todo o tempo os autênticos
cristãos se debruçaram, assim como, os de hoje e os de amanhã necessitaram
fazê-lo. Temos que continuar lendo a história e ter presente que no seu
desenrolar o Cristianismo nunca teve crise de Jesus Cristo; mas daqueles que
deveriam ter sido verdadeiros cristãos. Por causa deste sinal, o próprio
Cristianismo foi alvo de tantas críticas e, através dele, a própria Igreja.
Tanto um como outro têm sua razão de ser por causa da pessoa, palavras e obras
de Jesus Cristo. Quem não faz esta Memória Amoris ou Passionis, na perspectiva
de B. Metz, azeda e agride a qualificação do tempo realizada pela Revelação de
Deus nesta história que agregou no espaço a realidade da salvação possibilitada
à toda Humanidade.
O Papa Francisco está revigorando a
sensibilidade pastoral da Igreja com suas palavras e com o seu testemunho. As
suas atitudes farão com que haja uma cobrança do Povo à hierarquia eclesial por
novas posturas e práticas pastorais e missionárias. O seu pontificado vai
fomentar o que a Igreja da América Latina e do Caribe em Aparecida já o
solicitara, a saber: “Uma conversão pastoral, que é consequência da conversão
pessoal”. A Igreja precisa discernir o que Deus quer para cada um dos seus
filhos neste momento da sua história; principalmente aqueles que estão dentro
das suas estruturas físicas e hierárquicas. O povo já captou o que é necessário
para que a Igreja realmente seja esta “Mãe e Pastora”. Talvez o anseio de
manter as formas de poder dentro da Igreja e a partir dela no mundo esteja a
dificultar o que é necessário para sua renovação pastoral! Pensemos como uma
possibilidade a necessária Reevangelização que pode acontecer permanentemente
dentro da própria Igreja. O que pode ser inferido quando o Papa Francisco fala
é a preocupação de dirigir-se antes de tudo aos cristãos e católicos. Por isso,
a grande motivação feita por ele para que promovamos uma cultura do diálogo.
Com uma estratégia diferente, ele está querendo o que o seu antecessor também o
desejava, que é uma Igreja constituída não de quantidade, mas de qualidade
cristã e eclesial.
A sensibilidade pastoral tão
importante para a Igreja em todos os tempos ressurge mais uma vez com um rosto
novo e com preocupação nova na pessoa do Papa Francisco: Ele quer uma Igreja
Mãe e Pastora. Com muita esperança precisamos confiar nas mudanças que devem
acontecer para o bem da Igreja e, mais ainda, para o bem do Povo de Deus.
Retomemos cotidianamente o que é próprio de Cristo nas nossas práticas
missionárias e pastorais, fruto da conversão e da graça de Deus. Sejamos dóceis
à ação do Espírito Santo que neste momento da história nos chama a uma
autêntica sensibilidade pastoral. Assim o seja!
Pe. Matias Soares
Pároco de São José de Mipibu-RN
Vigário Episcopal Sul da Arquidiocese
de Natal-RN
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